E se o universo ao cair

eu te visse passar

teria a prova da existência de Deus


De que todas as funções celestes conspiram

para que se chegue mais perto da matéria inicial

e de que a liberdade é soprada como dedos

que balouçando nos acariciam


Se quando cerrar os olhos te vir chegar

terei a prova de que o tempo não passa

e de que é certo ser-se feito de eternidade


Formas de abrandar o tempo

quando somos projécteis incertos

e nos atiramos para longe como qualquer

objecto desconhecido


Nesse paralelo obscuro somos chamados de volta

a acordar do lado de cá da terra que nos

segura a memória e faz emergir

como raízes aéreas nos mangues 


E se o universo ao cair

eu te visse passar

daria testemunho da candura celeste

que as determinações são conjecturas

e no fim das contas sempre soubemos mais